Refaça a Rota dos Conquistadores Portugueses Numa Travessia de Praias pelo Litoral Sul Baiano que Ganhou o Nome de Trekking do Descobrimento

Trekking do Descobrimento – Trecho final depois de 11 dias de caminhada pelo litoral sul da Bahia.
Trekking do Descobrimento – Trecho final depois de 11 dias de caminhada pelo litoral sul da Bahia.

Pra Começar

O Trekking do Descobrimento, ainda pouco explorado pelos amantes das caminhadas na natureza, é sem dúvidas nenhuma uma das travessias de praias mais fantásticas (e desgastantes) de todo litoral brasileiro.

Também, não seria por menos!

O Trekking do Descobrimento refaz o caminho percorrido pelos conquistadores portugueses quando desembarcaram nas terras tupiniquins e se estende por mais de 140km pelas areias brancas e fofas do litoral sul da Bahia.

O cenário é paradisíaco e, além de praias badaladas como Caraíva, Espelho, Trancoso, Arraial d’Ajuda e Porto Seguro, o Trekking do Descobrimento te apresenta outras joias muito menos conhecidas, mas de beleza enormemente igual, como Cumuruxatiba, Barra do Cahy e Ponta do Corumbau.

Dica do Rod: aproveite esta caminhada e dê um pulo no Monte Pascoal. Está um pouco afastado do litoral, mas é perfeitamente viável incluí-lo no seu planejamento. No relato abaixo te mostro como.

Portanto, se sua intenção é mergulhar de cabeça naquilo de melhor que a Bahia tem para te oferecer, seja a sombra sob um coqueiro com uma água de côco geladinha ou um forró pé de serra até altas horas à beira do rio Caraíva, o Trekking do Descobrimento definitivamente vai te proporcionar tudo isso, sem falar da sensação indescritível de completar esta travessia histórica pelas primeiras vilas do Brasil.

Então bora lá, prepare a mochila que chegou a hora de cair na estrada (ou na areia, eu diria!).

A Trilha

Trekking do Descobrimento – Coqueiros invadem a areia no caminho da praia do Espelho.
Trekking do Descobrimento – Coqueiros invadem a areia no caminho da praia do Espelho.

O Trekking do Descobrimento compreende tradicionalmente o percurso entre Cumuruxatiba e Trancoso. Este trecho tem mais ou menos 80km e pode ser percorrido sem maiores sacrifícios em 5 dias.

Contudo, aqui vou relatar o Trekking do Descobrimento “full”, isto é, desde a rodoviária de Prado (30km ao sul de Cumuruxatiba) até Porto Seguro (30km ao norte de Trancoso), o que confere a esta travessia um caminho total de aproximadamente 140km.

Todo este trajeto não demanda nenhuma técnica apurada do viajante, já que quase a totalidade da caminhada se dá em linha reta, margeando a orla do litoral sul baiano.

No entanto, é aqui que está a maior dificuldade: caminhar por horas e mais horas sobre a areia fofa e inclinada destas praias maravilhosas e sob um sol baiano que raras vezes te dá uma trégua, até porque sombra e água fresca só fica no imaginário popular, pois é bem difícil de encontrá-las durante todo o trajeto.

Além da dificuldade de se caminhar sob o sol escaldante, outro ponto que você, trilheiro(a), deve se atentar é sobre a tábua de marés.

Muitas vezes durante a travessia caminhamos com o mar de um lado e grandes falésias do outro. Quando a maré sobe, fica impossível de seguir adiante, restando a você voltar e esperar ou se arriscar nas águas fortes que vão de encontro às falésias.

Além deste porém, há ainda o cruzamento de vários rios que desembocam no mar durante a travessia inteira, ou seja, em maré cheia você já consegue vislumbrar que será impossível passar. E vá por mim, não dá para passar mesmo, é impressionante o quanto o nível da água sobe e desce durante o dia todo.

Dica do Rod: se você não quer ficar ilhado em nenhuma parte desta travessia, confira todos os dias as baixas e as altas da maré.

Elas acontecem 4 vezes ao dia (a maré sobe duas vezes e desce duas vezes).

O site www.tabuademares.com é bem didático e detalha perfeitamente o vai e vem das marés e foi mais que essencial para planejarmos cada dia da nossa caminhada.

Raio-X da Trilha

Trekking do Descobrimento – De Prado a Porto Seguro

  • Nível: difícil em razão da distância;
  • Extensão: 141,24km;
  • Duração: 11 dias e 10 noites;
  • Altitude Máxima: 293m (centrinho de Arraial d’Ajuda);
  • Ganho de Elevação (somatório de todas as subidas): 539m;
  • Perda de Elevação (somatório de todas as descidas): 536m;
  • Tipo de Trilha: mão única.

Dica do Rod: se você não quer estender tanto o caminho por falta de tempo ou de condicionamento físico, considere começar em Cumuruxatiba e terminar em Trancoso, você terá economizado alguns dias e mais ou menos 60km de pernadas.

Mas só considere isto se realmente for necessário, porque os trechos de Prado a Cumuruxatiba e, no final, de Trancoso a Porto Seguro valem muito a pena.

Abaixo te mostro as opções que você tem como pontos de início e término do Trekking do Descobrimento.

Dica do Rod: se você já tem tudo planejado e só quer o tracklog desta travessia para te auxiliar, é só pular diretamente aqui.

Como Chegar

Rodoviária de Prado/BA, início dos 140km do Trekking do Descobrimento até Porto Seguro/BA.
Rodoviária de Prado/BA, início dos 140km do Trekking do Descobrimento até Porto Seguro/BA.

Para eu te dizer como chegar ao Trekking do Descobrimento, você primeiro precisa definir qual será seu ponto de partida e qual será seu ponto de chegada.

Nós, por exemplo, definimos que começaríamos pelo sul, ou seja, em Prado, e rumaríamos caminhando sentido norte, até Porto Seguro.

Dica do Rod: eu prefiro este sentido por dois fatores:

i) no final da travessia você estará bem cansado, ou seja, terminando em Porto Seguro, por tem muito mais opções de transporte do que Prado, você gastará muito menos tempo para seguir seu caminho de volta para casa; e

ii) se você curte um pouco de badalação além do contato com a natureza, brindar o final do trekking em Porto Seguro certamente é muito mais legal que em Prado, até mesmo pela aura festeira que a cidade tem.

Considerando então Prado como o ponto de ínicio para o Trekking do Descobrimento, as opções para chegar à cidade são:

Avião

Nem preciso dizer que o aeroporto mais próximo a Prado/BA é apenas em Porto Seguro. Portanto, dali você precisará pegar um ônibus até Prado/BA, pagar por um transfer (não recomendo, sempre muito caro) ou até mesmo alugar um carro.

Dica do Rod: se ainda não sabe como economizar em voos, passe agora mesmo a usar o melhor buscador de voos do mundo, o Skyscanner. E agora, em parceria com o site RoddeMochila.com, certamente você vai salvar muita prata!

Ônibus

Nós fomos até Prado/BA vindos de São Paulo. Há ônibus direto a partir da rodoviária do Tietê operado pela empresa Gontijo. A viagem dura cerca de 26 horas.

Dica do Rod: há mais empresas que fazem o trajeto, inclusive você pode mesclar destinos para achar melhores preços e datas. Nós, por exemplo, voltamos com um ônibus de Porto Seguro/BA até o Rio de Janeiro e outro, logo na sequência, do Rio de Janeiro para São Paulo.

Se você vier de outro estado ou localidade e não encontrar ônibus direto para Prado/BA, busque chegar em Itamaraju/BA ou Teixeira de Freitas/BA, cidades à 50km e 80km de distância de Prado respectivamente e que oferecem o transporte final para Prado/BA. Ou, na pior das hipóteses, vá direto para Porto Seguro e comece o trekking de lá ou pegue, de Porto Seguro, um ônibus para Prado/BA, viagem esta um pouco mais longa, cerca de 200km.

Dica do Rod: se você está com dúvidas de como montar seu trajeto de ônibus até Prado/BA, fala comigo aqui que te ajudo. Além disso, aproveite para simular viagens e encontrar os melhores preços e horários por meio da parceria Rod de Mochila & Click Bus. É só clicar abaixo, buscar seu assento e se mandar para aventura!

cshow - Trekking do Descobrimento: Mais de 140km de Caminhada pelas Praias Paradisíacas do Sul da Bahia.

Carro

Se você não mora perto de Prado/BA ou está sozinho, provavelmente você não irá de carro.

Contudo, se você voar para Porto Seguro/BA, você precisará se locomover até Prado/BA e uma das opções é alugar um carro, principalmente se você estiver num grupo de 4 ou 5 pessoas, pois aí o aluguel compensa até mais que o ônibus.

Dica do Rod: se você quer confirmar se vale ou não a pena alugar um carro entre amigos, dá uma olhada no que a Rent Cars preparou. Posso te garantir que muitas vezes o aluguel do carro sai mais barato que o busão!

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Dica do Rod: para conhecer o Monte Pascoal, se você não quiser ficar na mão dos preços absurdos dos bugueiros como ficamos, o jeito também é alugando um carro, sai bem mais em conta e é muito mais fácil do que os muitos ônibus necessários como conto mais abaixo no relato.

O Que Levar

Essencial

  • Mochila Cargueira: a caminhada é longa, são mais de 140km se você completar a travessia cheia! Nem pense em ir com mochila de escola! Arrume uma mochila que te abrace, você vai precisar;
  • Bota ou tênis de caminhada: caminhar na praia é tentador demais para andar descalçado. Aposto inclusive que você vai tentar. Mas só até o final do primeiro dia, até porque seu pé pedirá arrego! Então, vista uma boa bota e evite torções e dores indesejadas na planta do pé caso você insista em andar sem calçado.
  • Barraca: é possível arrumar quartos em todos os principais pontos do rolé, mas o mais legal num trekking por praias desertas é ter a possibilidade de jogar a barraca em qualquer lugar e seguir a caminhada no dia seguinte. Portanto, se quer mais aventura, não esqueça da sua casinha;
  • Saco de Dormir e Isolante Térmico: apesar de estarmos na Bahia, à noite sempre cai a temperatura e o vento aumenta. Nunca saio sem esta dupla;
  • Comida: leve lanches, barrinhas de cereais ou proteínas, frutas e chocolate para comer durante as caminhadas. Para refeição principal, leve um fogareiro e faça seu rango lá, mas não se esqueça de levar todo resíduo gerado de volta com você.

Dica do Rod: mano, você está na Bahia! Não deixe de experimentar as delícias da culinária baiana, desde um peixinho frito à beira mar, até uma deliciosa moqueca em um dos restaurantes sofisticados de Trancoso/BA.

  • Lanterna de Cabeça: por diversas vezes durante o Trekkind do Descobrimento, terminamos de caminhar quando a noite já havia caído, portanto, se quiser luz no seu caminho, já sabe né;
  • Câmera ou Celular e Carregador Portátil: leve algo para registrar esse rolé, você não vai se arrepender;
  • GPS: a trilha é quase toda pela areia da praia, a não ser quando é necessário subir as falésias e ir por cima delas. Ou seja, dificuldade de navegação não existe, mas, por ser muito longa, sempre é bom gravar os seus passos e achar as melhores saídas para as falésias;

Dica do Rod: se você não tem um GPS próprio, baixe um aplicativo que faça as vezes de um. Eu uso e sempre indico o Wikilok.

Se quiser, acesse meu tracklog dessa travessia mais abaixo, isto é, o percurso compelto que eu percorri.

É só baixar o app, o tracklog e seguir!

  • Repelente: o litoral e seus borrachudos! Não se esqueça do seu;
  • Protetor Solar: imprescindível! Bahia, amigos(as)!
  • Snorkel: se quiser poupar dinheiro alugando um por lá, já coloque o seu na mochila. Pode ser bastante útil na praia do Espelho;
  • Pazinha ou Shit Tube e Papel Higiênico: você pode ou enterrar bem e longe de uma fonte de água, ou levar embora, mas não me deixe seus vestígios biológicos para todo mundo ver.

Vai de Você

  • Roupa Leve e Para Nadar: neste trekking o que não faltam são opções de praias e rios para se molhar;
  • Toalha: andar sequinho(a) sempre é bom!
  • Canga: se não quiser sujar o bumbum de areia naquela hora de ficar sentado na praia, leve uma com você;
  • Chinelo: sempre tenho um par na mochila, ainda mais num trekking de praias;
  • Óculos de Sol, Boné: ajudam bastante e te deixam no jeito;
  • Utensílios de Cozinha: se for cozinhar e não quiser ficar na mão, leve uma faca, um canivete e talheres;
  • Bastão de Caminhada: para ser honesto eu não uso, mas tenho que concordar que pode aliviar bastante a caminhada.

Sem Equipamentos para Trilhar?

Não acredito!

via GIPHY

Não deixe de viver algo que pode marcar a sua vida simplesmente porque você não tem equipamentos, não tem ideia de onde conseguir ou não sabe qual comprar.

Dica do Rod: vá para página de Equipamentos Para Trekking do site.

Lá te dou dicas de equipamentos, mostro exemplos e abro um canal direto comigo para caso tenha alguma dúvida sobre qual equipamento escolher você saná-las de uma vez por todas e finalmente se jogar no mundo outdoor!

E de quebra, você ainda aproveita a parceria Amazon & Rod de Mochila!

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Quando Ir

Clima, definitivamente, não vai ser um problema a interferir no planejamento da sua viagem para o litoral sul da Bahia, que pode ser visitado durante todo ano.

Aquela região é privilegiada quando pensamos em calor e luz solar, portanto prepare-se bem que a quentura não vai ser pouca não!

No entanto, apesar do clima quente, chuvas durante o dia são esperadas. Realizamos o Trekking do Descobrimento em um mês de outubro e praticamente dia sim, dia não, caía uma chuvinha para esfriar os ânimos, o que sempre considerei muito bem vinda.

Outro fator climático importante é o vento. Acampar numa praia vazia pode não ser tão simples caso você pegue uma noite de ventos fortes como pegamos na nossa primeira noite no meio da praia em um trecho entre Prado/BA e Cumuruxatiba (veja mais abaixo no relato).

Dica do Rod: além do vento, atente-se muito à tabua de marés. O vai e vem dos mares pode atrasar sua caminhada em várias horas no dia. Veja diariamente o site www.tabuademares.com e busque a situação atual da região. Este site é bastante didático e foi fundamental na travessia.

Por fim, como se viu, o clima dificilmente atrapalhará sua viagem. A última coisa que recomendaria, caso não goste de tumulto e preços exorbitantes, é evitar o período entre o final do ano e o carnaval, férias escolares e grandes feriados. No mais, se joga que é vida!

Onde Ficar

O Trekking do Descobrimento dura mais de uma semana!

A cada noite você precisará ficar em algum lugar diferente.

No relato abaixo, eu te mostro onde fiquei cada noite e ainda cito outras possíveis opções.

Mas se já quiser ir adiantando, tanto o Airbnb como o Agoda tem todas as opções que eu vou citar e ainda muitas outras mais!

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Relato Trekking do Descobrimento

Primeiro Dia: rodoviária de Prado/BA – Praia da Paixão

Do alto a vista sempre impressiona! Trekking do Descobrimento.
Do alto a vista sempre impressiona! Trekking do Descobrimento.

Chegamos em Prado/BA às 12h30min sob um garoa fina e constante pra tristeza minha e da Mari, afinal de contas, ninguém espera chuva ao chegar na Bahia.

Depois de conversar com locais para sondar os preços de ônibus até o trevo de Cumuruxatiba, local do início original do trekking, fomos almoçar e decidimos não pular este trecho de aproximadamente 30km pela praia de Prado/BA até Cumuru, apelido carinhoso deste vilarejo baiano.

Dica do Rod: na rodoviária de Prado/BA há apenas um ônibus diário para Cumuru. O valor não passa de R$ 15,00. Todavia, se você perder este ônibus, terá que se render aos taxis compartilhados, mais caros e que só saem quando cheios, a não ser que você pague pelo carro todo, cerca de R$ 200,00.

Dica do Rod: só pule o trecho entre Prado/BA e Cumuru se você não tiver tempo suficiente realmente, pois eu adorei cada pedacinho dele, mesmo sob um céu até certo ponto cinza e com garoa chata. As falésias desta parte do rolé são as maiores e mais bonitas. Sem falar do contraste entre as paredes avermelhadas e as areias amarelas e pretas com o azul e branco do mar.

Dica do Rod: Prado/BA é a maior cidade que você vai passar nos próximos onze ou doze dias, portanto, se precisar sacar dinheiro, a hora é agora. Nas outras cidades da travessia você provavelmente não achará caixa eletrônico e terá que ficar na mão de comerciantes e suas taxas absurdas. Ah, e vale lembrar que mesmo em Prado não há Caixas 24h, apenas um Bradesco e uma Caixa. Nós conseguimos dinheiro com o moço da farmácia, pois ficamos realmente na mão.

E foi a melhor decisão! Depois de almoçados e mochilas nas costas, demos início ao Trekking do Descobrimento a partir da praia principal de Prado, que está a 10min de caminhada da rodoviária da cidade.

Chegando lá, viramos nossos corpos para a esquerda, rumo ao norte, e iniciamos os primeiros dos milhares de passos que viriam na próxima uma semana e meia de rolé.

Primeiras pegadas dos 140km de caminhada pelo litoral sul da Bahia.
Primeiras pegadas dos 140km de caminhada pelo litoral sul da Bahia.

E esses primeiro passos foram sob chuva, o que de fato desanima um pouco, mas só um pouco, até você conseguir o primeiro acesso ao topo das falésias e ficar boquiaberto com o visual daquelas terras baianas mais que históricas!

Com mais ou menos 1h de caminhada foi que as falésias começaram a surgir do lado esquerdo e as poucas pessoas que ainda restavam lá da pequena muvuca de Prado a desaparecer.

Seguimos só nós dois por cima das falésias a partir deste ponto e dividíamos o caminho com os poucos carros que passavam pela estrada de manutenção que corre paralela às falésias e à praia.

A estradinha de Prado a Cumuru corre paralela às falésias.
A estradinha de Prado a Cumuru corre paralela às falésias.

Aliás, é esta estradinha que leva até Cumuru. E é lá também que ela acaba. De Cumuru para frente não tem como trapacear, só andando. Na verdade até tem, se você der a sorte que demos em alguns trechos da travessia como conto mais abaixo.

Dica do Rod: Por ser apenas reta, pensamos que conseguiríamos andar mais rápido. Ledo engano! A areia fofa da praia e sua inclinação judiam muito. O vento no final da tarde também atrapalha. O sol no meio do dia castiga. O vai e vem da maré muitas vezes te faz retornar quilômetros para conseguir um acesso por cima das falésias e continuar a caminhada. Portanto, apesar de quase não haver subidas, a não ser as da areia da praia para as falésias, este trekking tem muitos outros fatores que vão te desgastar e muito, esteja preparado(a)!

Depois de uns 40 minutos caminhando por sobre as falésias, aproveitamos o momento em que elas diminuem o tamanho e dão acesso à praia e seguimos, já com a noite tomando conta (neste primeiro dia começamos a caminhar de fato muito tarde, por volta das 14h30min), pela praia a fim de encontrar um lugar abrigado para jogar a barraca.

Nesta altura, já estávamos muito próximos da praia da Paixão. Havíamos caminhado pouco, apenas uns 10km a partir da rodoviária de Prado/BA. No entanto, em razão do cansaço (antes desta caminhada estávamos no ônibus por 26h) e da noite que já caía, brigamos bastante com o vento que insistia em não querer a gente por ali e dormimos no meio da areia da praia mesmo.

Dica do Rod: demorou bastante para o vento cessar na areia da praia. Neste trecho seria melhor um pernoite sobre as falésias, creio que seria mais confortável.

Dica do Rod: se você for jogar sua barraca na praia, jogue longe das falésias (e do mar tb, já que ele sobe durante a noite), pois há vários trechos em que há desmoronamentos, o que ocorre do nada, então preste atenção nisso! Nem descansar por alguns minutos na encosta das falésias é sugerido.

Não foi fácil montar a barraca no escuro e com o vento que batia por volta das 19h. Contudo, depois de algumas pedras ajudando a segurar a barraca, conseguimos finalmente ter uma noite “tranquila” de sono.

Segundo Dia: Praia da Paixão x Cumuruxatiba

O estado da barraca mostra um pouco do que foi a noite de ventos fortes no litoral sul baiano.
O estado da barraca mostra um pouco do que foi a noite de ventos fortes no litoral sul baiano.

Ao acordar e abrir a porta da barraca, encontramos uma calmaria que nem de longe remetia à noite anterior com ventos assustadores que havíamos passado.

Com a luz do dia, ainda foi possível enxergar o quão lindo era o lugar que tínhamos escolhido para dormir.

Depois de desmontar a barraca e andar uns 10min, este era o visual de onde havíamos dormido!
Depois de desmontar a barraca e andar uns 10min, este era o visual de onde havíamos dormido!

Não havia ninguém por perto, e as primeiras poucas pessoas começaram a surgir na hora que já estávamos prontos para seguir a jornada e com tudo desmontado, lá pelas 08h da manhã.

Andamos nem 20 minutos e já batemos na praia da Paixão, lugar que já tem um pouco mais de movimento, por isso não é recomendável jogar a barraca por ali.

Dali em diante, o tempo seguia aberto, mas com algumas nuvens, nada que atrapalhasse o rolé.

Paramos um pouco na praia da Paixão para tomar o café da manhã e depois disso seguimos realmente num ritmo sem parar, sempre com as falésias de um lado e o mar de outro.

As cores das falésias, das pedras na areia, um vermelho-vinho bem vivo são muito chamativas nesta parte da travessia. Por isso de pararmos para comer por ali, meio que não tem como passar e não parar um pouco para admirar.

Trekking do Descobrimento: as intermináveis falésias do trecho entre Prado/BA e Cumuruxatiba/BA.
Trekking do Descobrimento: as intermináveis falésias do trecho entre Prado/BA e Cumuruxatiba/BA.

Agora seguindo firme, a garoa também resolveu aparecer. E foi assim passando pela praia do Tororão, Japará Grande, Japará Mirim e Areia Preta.

Aliás, durante este segundo dia, ela foi e voltou algumas vezes até encerrar o final de tarde com um pé d’água bem quando chegávamos em Cumuru, tanto que, antes de encontrarmos o hostel onde dormimos, ficamos abrigados até a chuva passar na quadra de esportes que tem ao lado do rio logo na entrada de Cumuruxatiba.

Neste trecho da praia da Paixão até Cumuru (mais ou menos 20km), vale lembrar o vai e vem das marés. Aqui foi o primeiro trecho onde chegamos num ponto que não era mais possível passar pela areia da praia, só escalando para o topo da falésia. Sorte que bem neste bloqueio das falésias, no topo tinha um restaurante e o funcionário nos ajudou a chegar lá em cima.

Faixa de areia encurtando e a maré alta já batendo nas falésias. Passar, neste caso, só por cima!
Faixa de areia encurtando e a maré alta já batendo nas falésias. Passar, neste caso, só por cima!

Ainda, para quem pensa em pular todo o trecho de Prado/BA até Cumuru e começar a partir daqui, eu reforço para você só fazer isso se realmente for necessário. Há um trecho de areia preta que se mistura com amarela e se soma ao vermelho das falésias e ao branco do mar que é imperdível, eu mesmo provavelmente já me perdi todo nesta mistura de cores que acabei de descrever.

Trecho de praia com areia completamente preta! A Bahia não é fraca não!
Trecho de praia com areia completamente preta! A Bahia não é fraca não!

Bem no final da tarde e já chegando em Cumuru, quando a chuva caía com mais força, a caminhada pela praia se deu por entre toneladas de alga que ficam ali na areia trazidas pela maré cheia e deixadas ali pela maré baixa, o que expelia um cheiro nem um pouco agradável, tipo de um restaurante japonês a ceú aberto. Aposto que os sushis lovers não gostaram da comparação! É brincadeira!

Dica do Rod: Cumuruxatiba é um vilarejo de pescadores. Não tem caixa eletrônico, mas tem mercado, bares, pousadas, campings e uma pequena estrutura para te ajudar na travessia.

Neste segundo dia resolvemos pagar por um banho e uma cama quentinha e ficamos no hostel/camping de um suíço que conhecemos enquanto esperávamos a chuva passar na quadra de esportes.

O lugar é muito bom, bem ajeitado, de frente para a praia e com preço justo, tanto para acampar, quanto para pegar uma caminha como nós. Se for fazer pernoite em Cumuru, recomendo demais A Hospedaria – Cumuruxatiba.

Ainda à noite, tomamos uma boa cerveja gelada com um delicioso hambúrguer lá na pracinha central de Cumuru, o que nos deu um gás extra para o dia longo que estava por vir.

Se quiser mais opções de lugares para ficar em Cumuru, se liga nestes Airbnb’s.

Terceiro Dia: Cumuruxatiba x Praia do Moreira

Vista da frente do hostel/camping A Hospedaria – Cumuruxatiba. As algas na maré baixa e 30 km de falésias deixados para trás.
Vista da frente do hostel/camping A Hospedaria – Cumuruxatiba. As algas na maré baixa e 30 km de falésias deixados para trás.

Lembra as algas que lotavam a areia no entardecer de ontem. Pois bem, logo de manhã quando acordamos elas ainda estavam lá. Ainda não, provavelmente, durante a noite, a maré as levou de volta para o mar e no começo da manhã as deixou na areia, sinal de maré baixa, hora perfeita para zarpar.

Mas nós não demos muita bola para isso e acabamos seguindo jornada um pouco tarde, lá pelas 11h da manhã, talvez ainda impregnados da preguiça que uma noite dormida em uma cama boa traz.

Deixando Cumuruxatiba pela estradinha paralela à praia do Pier.
Deixando Cumuruxatiba pela estradinha paralela à praia do Pier.

Coisas arrumadas, deixamos o hostel e seguimos rumo a Barra do Cahy, este que seria nosso objetivo final caso não ficássemos ilhados devido a maré num ponto deste trecho.

Aliás, que trecho lindo, que lugar para ficar ilhado!

Depois de caminharmos alguns quilômetros na saída de Cumuru por uma estradinha de terra que corre paralela à praia do Pier, o cenário nos obrigou a cair para areia da praia.

Então, cruzamos toda a orla da praia do Rio do Peixe e da praia do Peixe Pequeno, uma contínua a outra e ambas com uma faixa de areia bem estreita, pelo menos àquela hora do dia, e chegamos num ponto onde o mar praticamente tocava as raízes expostas das árvores do outro lado, deixando quase nada de areia para andar.

Trekking do Descobrimento: aquele momento que não dá mais para passar em razão da maré alta.
Trekking do Descobrimento: aquele momento que não dá mais para passar em razão da maré alta.

Neste mesmo ponto, das árvores de um lado e mar do outro, surgiu o começo de uma enorme falésia que seguia ao longo da orla em forma de ferradura. Apesar do lindo cenário, ficava latente que seria impossível seguir adiante, pois a maré já batia nas paredes da falésia nos pontos mais distantes.

Com esse imprevisto previsível (afinal, é só levar a sério a tábua de marés e sair dos lugares na hora certa), decidimos parar num pedacinho de areia que ainda sobrava e esperar a maré baixar, pois vimos pela tábua e pelo movimento ali das águas que esta era a tendência naquela hora.

E a parada foi daquelas partes boas do rolé!

Se não dá para passar, a gente espera a maré baixar nadando! Trekking do Descobrimento.
Se não dá para passar, a gente espera a maré baixar nadando! Trekking do Descobrimento.

Ficamos numa esquina de mar rodeada por uma falésia que dava um tom todo pitoresco ao lugar. Ficamos ali por 1h mais ou menos e aproveitamos para nadar naquele mar quentinho só para nós.

De repente o tempo passou, a maré secou e conseguimos seguir adiante. Mais à frente onde o mar tampava a passagem, ficou claro um acesso para o topo da falésia.

Ali de cima, um dos melhores visuais num entardecer encantador!

Trekking do Descobrimento – Um dos pontos altos da viagem num canto qualquer do litoral sul da Bahia.
Trekking do Descobrimento – Um dos pontos altos da viagem num canto qualquer do litoral sul da Bahia.

Das falésias baixamos depois para um costão rochoso, o track log deu bug bem aqui, e seguimos por uma prainha até cair onde passaríamos a noite deste terceiro dia, a praia do Moreira.

Dica do rod: a travessia toda foi gravada em dois tracklogs porque bem na praia do Moreira travou. O primeiro é de Prado/BA até a praia do Moreira e o segundo é da praia do Moreira até Porto Seguro/BA, só seguir os dois, não tem erro.

Ponto onde pifou o track log, um pouco antes da praia do Moreira.
Ponto onde pifou o track log, um pouco antes da praia do Moreira.

Ainda, tentamos seguir pelo costão rochoso logo após a praia do Moreira, mas o mar já não nos deixava passar mais, então retornamos por uns 100 metros e atracamos no Moreira. Era a segunda vez que a maré nos brecava, portanto se lembre de olhar a tábua de marés sempre!

Aliás, sobre a noite na praia do Moreira, que noite! Achávamos que estávamos sozinhos na barraca na praia, mas o tempo todo não estávamos!

Primeiro as dezenas de caranguejos que insistiam em tentar entrar na nossa barraca. Diversão garantida! Pra eles, é claro!

Praia do Moreira exclusiva vista de cima, local do nosso terceiro pernoite.
Praia do Moreira exclusiva vista de cima, local do nosso terceiro pernoite.

Depois, o susto da lanterna no meio do mar. Esta eu explico: com a maré bem baixa como estava à noite, várias poças de água se formam entre as pedras. Um pescador que mora ali perto resolveu caminhar por lá para pescar seu jantar. O problema é que ali é muito afastado de tudo. Ele zanzou por ali por quase 1h e a gente só observava ele de muito longe e sem conseguir definir nada. De repente a luz da lanterna desapareceu. Passaram-se alguns minutos e mais de repente ainda ele apareceu do nada na nossa frente com uma peixeira enorme. Que susto! Ainda bem que esse nosso pescador fantasma era muito tranquilo e só nos foi dizer alguma gentileza qualquer.

Rimos muito do susto, conseguimos a trégua com os caranguejos e finalmente dormimos em paz a noite toda!

Quarto Dia: Praia do Moreira x Barra do Cahy x Ponta do Corumbau

Barra do Cahy e o marco que simboliza a 1ª praia do Brasil.
Barra do Cahy e o marco que simboliza a 1ª praia do Brasil.

Acordamos numa manhã chuvosa na praia do Moreira e, mesmo com o medo de nos atrasarmos para a travessia do rio Cahy, primeiro rio relevante do Trekking do Descobrimento, acabamos por esperar a chuva passar para começar a caminhada, mas isto não ocorreu.

Com uma chuva fina ainda caindo, recomeçamos a pernada por volta das 8h40min. O dia estava cinza e nada convidativo.

Deixamos a praia do Moreira já subindo por uma trilha que dava acesso ao topo das falésias.

Praia do Imbassuaba num dia ainda cinza vista do topo da falésia e de dentro de uma fazenda de cocos.
Praia do Imbassuaba num dia ainda cinza vista do topo da falésia e de dentro de uma fazenda de cocos.

Ali em cima, perdemos um pouco a direção e precisamos invadir a cerca de uma das muitas fazendas de coco que ficam na beira da praia no topo das falésias para conseguir acesso de volta à areia da praia, desta vez a praia do Imbassuaba.

Praia com uma faixa de areia extensa e com uma vegetação baixa do outro lado, a praia do Imbassuaba é vizinha da praia do Arnaldo, aquela que antecede a famosa barra do Cahy e onde as falésias voltam a tomar altura e fazer companhia na caminhada.

Chegando à barra do Cahy, o movimento aumenta (mas nem tanto) devido à presença do aconchegante camping/restaurante da Glória.

Dica do Rod: o cardápio deste restaurante é um pouco caro, mas as pessoas são bem atenciosas. Não ficamos no camping, pois paramos antes na praia do Moreira, mas aqui pode ser uma ótima opção de pernoite.

Paramos ali para quebrar um pouco a caminhada, mas logo nos lembramos do rio Cahy que estava logo à frente e precisávamos cruzar.

Seguimos então por mais uns 500m pela areia da praia e o rio Cahy virou a atração da vez, já que ele desemboca no mar e a única forma de seguir a caminhada é cruzando por ele. Àquela hora do dia, o rio já enchia bem rápido, mas conseguimos cruzá-lo bem na sua desembocadura com o mar colocando a mochila por sobre a cabeça. A Mari foi filmando, já que eu havia passado a mochila dela antes por segurança.

Dica do Rod: em todas as travessias de rio que aparecer durante o trajeto, mesmo que parecer raso, simule cruzar o rio por um caminho sem a mochila e refaça rapidamente com a mochila. Isso para evitar buracos que podem ter sob a água. Não queira perder sua mochila (ou até você mesmo) com a força das águas do mar e do rio juntas. É muito forte e assusta sim!

Dica do Rod: se você passar na maré baixa, não precisará se preocupar com isso, porque nestas horas certas do dia, a passagem fica tranquila, quase não tem água. Mas se passar com a maré subindo como foi nosso caso, aí se prepara!

Rio Cahy superado, seguimos por mais 1km numa parte bem aberta da praia, sem falésias do lado, até que de novo elas voltaram. Detalhe: conversando com um local que vinha caminhando no sentido oposto sozinho, ele disse que mais à frente não seria possível passar e que o melhor a fazer era cortar por cima das falésias agora, num trecho de estradinha de terra de quase 7km.

Ficamos triste com a situação, mas não tinha muito o que fazer, afinal, se fôssemos teimosos, correríamos o risco de ter que voltar um longo trecho pela areia da praia ou de ficar parados sem conseguir ir adiante.

Pegamos a estradinha de terra que começava na praia depois do rio Cahy e deixamos o litoral pelo maior tempo de todo o Trekking do Descobrimento, já que a estradinha se afastava razoavelmente da costa.

A carona nos desovou num canto qualquer da praia de Corumbau, a uns 5km da ponta do Corumbau.
A carona nos desovou num canto qualquer da praia de Corumbau, a uns 5km da ponta do Corumbau.

Neste trecho, depois de uns 30 minutos caminhando, demos a sorte de encontrar um casal que estava indo para o Veleiro, pequena vila mais afastada do mar e no caminho para a região de Corumbau, nosso destino do dia. Eles nos deram carona e nos deixaram na praia do Corumbau, distante ainda uns 5km do centrinho dali, a Ponta do Corumbau.

Agora estávamos muito contentes!

Biblioteca entre a faixa de areia e a estradinha de terra que corre paralela à praia de Corumbau.
Biblioteca entre a faixa de areia e a estradinha de terra que corre paralela à praia de Corumbau.

Havíamos cortado um bom caminho e adiantamos e muito a caminhada. Finalizamos o trecho ainda passando por toda a orla de Corumbau, seja pela praia e mais no fim pela estradinha paralela de terra, caminho aliás onde encontramos esta linda biblioteca acima e a carona derradeira de 1km até a Ponta do Corumbau.

Com essa bela antecipada nos planos, chegamos na Ponta do Corumbau umas 14h, com tempo suficiente para comer uma bela porção de peixe à beira-mar junto com uma cerveja mais que gelada (e merecida!).

Ilha do Sossego, ótimo nome para este cantinho na Ponta do Corumbau. Recomendo!
Ilha do Sossego, ótimo nome para este cantinho na Ponta do Corumbau. Recomendo!

Neste meio tempo de pés para o alto, descobrimos um cantinho perfeito para pernoitar a baixo custo, o camping do Sossego na ilha do Sossego, um pedacinho de terra no meio do mangue rodeado de água onde todos são da mesma família, lugar perfeito para passar a noite sentindo a atmosfera local.

Para finalizar, ainda rolou um bilharzinho antes do sono chegar!

Quinto Dia: Ponta do Corumbau

Quinto dia, o dia da indecisão. Fomos, mas não fomos e permanecemos mais um dia na maravilhosa Ponta do Corumbau.
Quinto dia, o dia da indecisão. Fomos, mas não fomos e permanecemos mais um dia na maravilhosa Ponta do Corumbau.

Acordamos cedo, mas não o suficiente para ver o nascer do sol. Desmontamos tudo e a intenção era seguir viagem para Caraíva.

Logo que deixamos a ponta do Corumbau, cruzamos o rio na melhor hora possível, ele estava muito baixo e nem parecia ter força.

Do outro lado do rio Corumbau, ficavam os canoeiros que fazem a travessia dos turistas que chegam de bugue vindos de Caraíva, já que este próximo trecho é aquele de 14km que faz a ligação entre o paraíso da ponta de Corumbau e a famosa praia da Caraíva, o destino de mais turistas da região.

Paramos junto aos bugueiros e canoeiros do outro lado do rio Corumbau para tomar um café da manhã (não tomamos no camping justamente para cruzar o rio rápido enquanto ele estava baixo) e decidir os dilemas da vez: seguir ou não seguir para Caraíva? Ir ou não ir para o Monte Pascoal?

Preguiça no Ponta do Corumbau e o dilema: seguir ou não seguir para Caraíva?
Preguiça no Ponta do Corumbau e o dilema: seguir ou não seguir para Caraíva?

A questão sobre ir ou não para Caraíva, apesar de já termos desmontado tudo e inclusive atravessado o rio, surgiu peo arrependimento de não termo visto o nascer do sol da ponta do Corumbau.

Dica do Rod: ver o nascer do sol da ponta do Corumbau é fascinante! Programe-se para esse evento e não deixe de fazê-lo! O sol nasce no horizonte e, com a maré baixa, é possível andar até quase o “meio” do oceano e ficar rodeado de água numa frestinha de areia e num cenário surreal!

Já sobre o Monte Pascoal (sim, aquela famosa porção de terra muita falada nos livros de história como sendo a primeira parte avistada do Brasil pelos navegadores portugueses), a questão era sondar o preço que os bugueiros fariam para nos deixar no pé do monte, já que ele está um pouco distante do litoral, sendo inviável ir caminhando.

Dica do Rod: existe um vilarejo que se chama Monte Pascoal, então, você deve pedir informações sempre sobre como chegar ao pé do monte (acesso à trilha do Monte Pascoal), do contrário, você será levado para este vilarejo que fica razoavelmente afastado do pé do monte Pascoal.

O preço que os bugueiros nos ofereceram foi absurdo, mais de 400 reais. Mas também nos informaram que de Caraíva talvez conseguiríamos um ônibus local até o pé do monte (lembre-se: não a vila do Monte Pascoal), então resolvemos abortar o plano por ora.

Mesmo assim o primeiro dilema custou a ser solucionado! Passamos horas à beira do rio Corumbau nos perguntando se íamos para Caraíva naquela hora e deixaríamos de ver o nascer do sol em Corumbau ou se acampávamos por ali mesmo a espera da manhã seguinte para finalmente ver aquele suposto espetáculo.

Por do sol na Ponta do Corumbau. Decidimos ficar por mais uma noite no paraíso!
Por do sol na Ponta do Corumbau. Decidimos ficar por mais uma noite no paraíso!

Horas se passaram, a maré encheu, esvaziou e encheu o rio novamente. Observamos cachorros fazendo a travessia do rio cheio nadando muito melhor que gente (impressionante!), o sol foi caindo, já não tínhamos outra opção a não ser ficar por ali de fato, quando um morador local nos convidou para segui-lo e apresentou para gente a Aldeia Bugigão, local que fica atrás do ponto final de aglomeração dos bugueiros e canoeiros e onde ele morava.

Por incrível que pareça, ele nos ofereceu um quarto na casa da família dele dentro da aldeia de graça, apenas porque estava preocupado de acamparmos na praia com o vento forte que batia.

Resumindo: tivemos uma noite imersos na cultura local, comemos peixe com eles e nos deliciamos numa roda de histórias e um pouco de rapé até a hora do sono chegar.

Sexto Dia: Ponta do Corumbau x praia de Caraíva

O magnífico nascer do sol na Ponta do Corumbau.
O magnífico nascer do sol na Ponta do Corumbau.

Madrugamos para finalmente ver o nascer do sol da Ponta do Corumbau. Precisamos cruzar de volta o rio Corumbau que estava bem alto àquela hora e por pouco não conseguimos. Ainda bem que apareceram dois pescadores que saíam para pescar bem naquele momento e nos auxiliaram na travessia.

Bom, pela foto dá pra ver que valeu a pena segurar mais um dia naquele lugar.

E não só por este espetáculo de cenário.

Ainda não acreditávamos no privilégio que foi cair de paraquedas na Aldeia Bugigão e ali passar horas convivendo no meio da família daquele povo.

Não satisfeitos com toda hospitalidade que estavam nos proporcionando, ainda nos encheram umas 4 garrafinhas de água de coco fresquinha para seguir nossa caminhada embaixo do sol escaldante até a praia de Caraíva.

Dica do Rod: o trecho de Corumbau até Caraíva é quase todo sem sombra. Portanto pegue bastante água antes de seguir a caminhada.

Dica do Rod: os bugueiros cobram algo em torno de 70 reais por pessoa para te levar de Corumbau até Caraíva pela estradinha que corre paralela à praia.

Trekking do Descobrimento: Aldeia Bugigão na Ponta do Corumbau.
Trekking do Descobrimento: Aldeia Bugigão na Ponta do Corumbau.

Batemos a foto final na Aldeia Bugigão com nossos anfitriões e apertamos o passo. Que calor estava! Andamos por alguns quilômetros pela estradinha de terra dos bugueiros, já que muito mais fácil de caminhar por ali do que pela areia fofa e inclinada da praia.

Sem falar que era a chance de pedir carona. Por sinal, falando em carona, a Mariana não podia ver um bugue que já fazia cara de dor como quem diz: ajuda, não quero mais andar, me leva de carona! Os bugueiros não aparentavam sentir pena de ninguém e seguiam sem nem se importar (é aquilo, ou paga ou vai a pé!). Seguimos a pé!

Trecho de 14km entre Corumbau x Caraíva totalmente exposto ao sol.
Trecho de 14km entre Corumbau x Caraíva totalmente exposto ao sol.

Deixamos a estradinha dos bugueiros, fomos um pouco pela areia da praia e mais à frente voltamos para estradinha, já que estávamos na altura de outra aldeia, a aldeia Barra Velha, a qual queríamos pelo menos ver também um pouco como ela era.

Paramos na porta de uma casa para descansar e não deu 5 minutos e apareceu moço vindo de moto de outro lugar querendo saber quem nós éramos e se aceitávamos uma água de coco! Oooo Bahia, que terra boa!

Neste meio tempo ele falou um pouco da aldeia e que precisava sair para “recolher” alguns animais.

Seguimos a caminhada, deixamos a aldeia e voltamos para areia da praia. Agora este era o único caminho, até os bugues precisavam pegar a areia da praia neste trecho, já que a estradinha daria muito mais voltas.

Pernada vai, pernada vem, papo vai, papo vem e de repente para um bugue (@billycaraiva) do nosso lado no meio da praia e nos pergunta se queríamos carona. Não deu tempo nem de eu responder e a Mariana já estava em cima do bugue com o celular para fotos na mão e um sorriso de orelha a orelha.

De bugue pelas areias de Caraíva!
De bugue pelas areias de Caraíva!

Seguimos então por mais ou menos 4km pelas areias desertas daquele trecho de praia antes de sermos despejados a poucas centenas de metros da vila de Caraíva! Mais uma vez os anjos da viagem nos ajudaram sem pedir nada em troca, simplesmente pela pura empatia de ajudar!

Ficamos felizes para caramba, afinal, não pagamos nada para andar de bugue na Bahia, economizamos uns passos e ainda nos divertimos demais!

Esta caroninha foi essencial, pois nos fez chegar mais cedo em Caraíva e nos deu mais tempo para achar um lugar lá para ficar, o que não foi nada fácil.

Chegada na vila de Caraíva. Uma característica marcante são as ruas forradas de areia fofa.
Chegada na vila de Caraíva. Uma característica marcante são as ruas forradas de areia fofa.

Depois de muito procurar, conseguimos um quarto um pouco caro, mas bastante aconchegante, no Camping Cacimba Caraíva.

Foi lá que ficamos hospedados naquela noite. Ainda conhecemos outros trilheiros do Espírito Santo que também estavam fazendo o Trekking do Descobrimento e também queriam ir para o Monte Pascoal. Entre eles, o grande @pedraodobrasil, quanta história!

Passamos a noite organizando um carro para nos levar na manhã seguinte para a vila que dá acesso ao monte e tomando Netuno, uma espécie de catuaba com gengibre muito apreciada pelos manguaceiros baianos. Óbvio que tomei uma garrafinha para entender o porquê!

Em razão da pandemia, nada de curtir o famoso forró à beira do rio Caraíva. Não havia nada disso, apesar de a vila estar bastante movimentada para um mês de outubro.

Dica do Rod: tudo em Caraíva é caro! Hospedagem com quarto vazio é bem difícil de encontrar. Andamos bastante pelas ruas de areia fofa da vila de Caraíva até conseguir um lugar. Portanto, se quer economizar tempo e dinheiro, aqui é daqueles lugares que vale a pena reservar seu cantinho antes pela internet. Falando nisso, separei alguns lugares bem legais que estão na parceria Agoda & Rod de Mochila. Se liga aqui!

Dica do Rod: se quer economizar muito, o mais barato é pedir para montar a barraca junto a aldeia de frente à praia um pouco mais afastada do centro. Nada de jogar a barraca na areia simplesmente, aqui não será permitido!

Sétimo Dia: praia de Caraíva

Desembocadura do rio Caraíva num dia azul de outubro!
Desembocadura do rio Caraíva num dia azul de outubro!

Como falei anteriormente, a intenção era organizar um carro e ir cedinho para o Monte Pascoal. O carro até fora organizado, mas o tempo amanheceu horrível e o próprio motorista cancelou a viagem.

O ônibus local que leva de Caraíva para a vila de acesso ao monte não passa todos os dias, e aquele era um dos dias sem itinerário. Não havia jeito, não conseguimos novamente ir para o Monte Pascoal, então resolvemos gastar o dia sem fazer nada em Caraíva!

Aliás, que delícia é isso!

Recomendo bastante tirar um dia para ficar jogado entre a praia e o rio Caraíva, é revigorante demais para o resto da caminhada!

Oitavo Dia: praia de Caraíva x praia do Espelho

Praia de Caraíva ficando para trás. Destino final do dia: praia do Espelho.
Praia de Caraíva ficando para trás. Destino final do dia: praia do Espelho.

Depois de abastecer a mochila com água e algumas comidas, deixamos a pousada onde ficamos hospedados em Caraíva e seguimos margeando o rio Caraíva até sua desembocadura no mar.

Se você vai cruzar de canoa, os locais cobram algo como 5 reais.

Pra gente, a intenção era cruzar sem, já que queríamos o menos de interferência possível na nossa caminhada.

Dica do Rod: o rio Caraíva é bem largo e foi bem desgastante atravessá-lo com duas mochilas na cabeça. Deixe Caraíva na maré mais seca possível, senão você não vai conseguir atravessar.

Apesar da dificuldade de atravessar o rio, uma cachorrinha (a qual demos o nome de Ivetinha) que nos seguiu a manhã toda acabou atravessando a nado o rio e passou a nos seguir, para o nosso desespero!

Ivetinha seguindo rumo a praia do Satu.
Ivetinha seguindo rumo a praia do Satu.

Ela era ali de Caraíva, mas não hesitou e caminhou por uns 4km até a próxima praia com a gente, a surpreendente praia do Satu. Uma praia com uma vibe sem igual, com música eletrônica para alguns poucos privilegiados e uma visão paradisíaca!

Foi uma perfeita parada para um descanso merecido!

Dica do Rod: do começo da praia do Satu até seu final, um longo trecho de uns 3km, tem umas três lagoas à beira mar onde as pessoas nadam e aproveitam para fazer aquele tratamento de pele, já que a argila do local é tida como milagrosa!

Praia do Satu. Não dá pra ouvir, mas a música eletrônica está comendo solta!
Praia do Satu. Não dá pra ouvir, mas a música eletrônica está comendo solta!

Depois da parada, seguimos passando pelas lagoas do Satu (1, 2 e 3) até chegar numa esquina onde as falésias aumentam de tamanho e já não é mais possível seguir pela areia, sendo o único caminho possível o topo das falésias. Aqui é a ponta da Juacema, e o mirante que tem logo no início é sensacional pegando toda a extensão da praia do Satu.

Neste ponto a Ivetinha ficou e seguimos sem ela, mas muito preocupados se ela voltaria ou não para Caraíva sozinha, já que o trecho de caminhada foi muito longo.

Toda orla da praia do Satu a partir do topo das falésias.
Toda orla da praia do Satu a partir do topo das falésias.

Por cima das falésias, seguimos por uma trilha bem marcada por uns 2km até cair numa praia bem pequena e isolada, já a apenas 1km de Curuípe, local da famosa praia do Espelho.

Apesar da pouca distância, a caminhada não rendeu tanto em razão da maré alta. Em vários trechos aqui precisamos esperar bastante o momento certo para passar ligeiro e não ser jogado pelas ondas de cara nas rochas.

Inclusive um riozinho bem estreito e despretensioso um pouco antes de chegar na praia do Espelho nos deu um grande susto, já que ele aparentava ser bem raso e, quando eu já cheguei caindo para dentro, a água veio quase no meu pescoço.

Dica do Rod: Por isso eu digo, sempre cheque antes a passagem de algum rio sem a mochila!

Depois de cruzarmos este riozinho, chegamos na praia do Espelho com a maré bem alta.
Depois de cruzarmos este riozinho, chegamos na praia do Espelho com a maré bem alta.

O dia estava acabando e chegávamos naquela hora à praia do Espelho, lugar de vários restaurantes e hotéis caríssimos a beira-mar e sem um único lugar onde se podia jogar uma barraca e ficar tranquilo.

No final da praia, não mais havia jeito de seguir a caminhada, as ondas do mar já beijavam as rochas eliminando qualquer faixa de areia em que se pudesse caminhar.

O jeito foi ficar na praia do Espelho aquela noite. Para fugir dos preços absurdos dos hotéis por ali, jogamos a barraca no mirante da praia do Espelho quando já estava tudo escuro e pernoitamos por ali.

Melhor decisão, dormimos numa paz!

Dica do Rod: se quer pernoitar com conforto na praia do Espelho, não deixe para reservar na hora, a melhor coisa a se fazer neste caso é já reservar antes o seu quarto! Se liga nestas opções aqui.

Nono Dia: praia do Espelho x Itaquena x Trancoso

Nascer do sol do topo do mirante da praia do Espelho, litoral sul da Bahia.
Nascer do sol do topo do mirante da praia do Espelho, litoral sul da Bahia.

E acordamos numa paz melhor ainda! Se liga no visual do sol nascendo com a praia do Espelho ao fundo!

Naquela hora da manhã, a maré ainda estava cheia, mas descendo, o que nos recomendava ficarmos prontos para sair logo mais.

No entanto, a preocupação com a Ivetinha e seu retorno a Caraíva não nos deixou bem. Decidimos que eu voltaria até o trecho onde vimos ela pela última vez e a Mari me esperaria com as coisas já arrumadas.

Fui quase que correndo o tempo todo até lá e não achei nada, apenas um rapaz que, vindo de Caraíva, disse não ter visto nenhum cachorro por ali.

Acabei desistindo e voltando sem notícias da Ivetinha, mas acreditando com fé que tudo estava bem com ela.

Chegando de volta na praia do Espelho, encontro a Mariana tomando café da manhã numa mesa forrada de comida num daqueles hotéis à beira-mar que eu te falei anteriormente.

Ela me contou que as pessoas que ali estavam a viram se despedindo de mim e ficaram compadecidas com a história da cachorrinha. Acabaram por dar comida para ela, que eu também aproveitei quando cheguei.

Praia do Espelho já na maré baixa e suas várias piscinas naturais.
Praia do Espelho já na maré baixa e suas várias piscinas naturais.

Com a barriga cheia e a maré baixa – agora já era possível entender o porquê do nome “espelho”, já que várias piscinas naturais se formam na beira da praia -, seguimos pela areia da praia do Espelho e passamos por onde antes o mar nos impedia de passar.

É impressionante o movimento da maré! Durante todo o Trekking do Descobrimento você verá como somos vulneráveis aos caprichos da natureza!

Seguimos caminhando por horas depois de ter deixado a praia do Espelho quase pelo meio dia em razão de eu ter voltado para tentar achar a Ivetinha.

Neste trecho, o que mais vinha a cabeça era o temido rio do Frade, lugar com histórias de mortes daqueles que tentaram passar suas águas bravas durante a maré cheia.

Inclusive, quando nos deparamos com o rio do Frade, precisei tentar uns três pontos diferente para conseguir achar um em que eu tivesse confiança de atravessar com a mochila na cabeça.

Não foi fácil, mas conseguimos. Aliás, a Mari espertinha cedeu à carona do índio que nos veio contar essas histórias de morte e pulou no barquinho dele para cruzar o rio do Frade.

Da outra margem do rio do Frade em diante, uma caminhada extenuante por toda praia deserta de Itaquena, praia esta considerada por muitos de nudismo, o que não é oficial, mas resolvemos também entrar na brincadeira, afinal, estamos na Bahia, numa praia deserta, bora ser feliz!

De volta às origens caminhando pela praia de Itaquena, litoral sul da Bahia
De volta às origens caminhando pela praia de Itaquena, litoral sul da Bahia

Horas e mais horas caminhando pelas areias fofas e intermináveis e nada de chegar Trancoso.

A noite já caía e ainda restava uns 2km para chegarmos ao quadrado mais famoso do Brasil, o Quadrado de Trancoso.

Neste momento, vimo que pelo GPS voltou a aparecer uma estradinha paralela à praia, então resolvemos deixar a caminhada pela areia e acelerar o passo pela estradinha. A fome e o cansaço já falavam muito mais alto.

Assim que acessamos a estradinha, por meio de um hotel pé na areia que estava vazio, andamos por nem 10 minutos e surgiu a quarta carona do rolé, desta vez mais que especial, um carro de polícia!

A polícia da Bahia salvou na caroninha! Chegando a Trancoso com estilo!
A polícia da Bahia salvou na caroninha! Chegando a Trancoso com estilo!

Sim! Chegamos no Quadrado de Trancoso de viatura e com toda a pompa das luzes da sirene ligada. É muita diversão!

Já em Trancoso, a luta agora era para achar um local barato para dormir, o que encontramos graças aos hippies que ficam na entrada do quadrado. Uma deles ofereceu o terreno da própria casa para jogarmos a barraca lá por 20 reais. Uma pechincha que não existe em Trancoso.

Aceitamos na hora, fomos para casa dela, arrumamos nossas coisas lá, tomamos aquele banho gelado maravilhoso e fomos conhecer umas das noites mais famosas do Brasil.

Pizza no Quadrado de Trancoso, o quadrado mais famoso do Brasil!
Pizza no Quadrado de Trancoso, o quadrado mais famoso do Brasil!

A noite acabou em pizza e muita risada pela carona inusitada dos policiais!

Dica do Rod: Trancoso é outro local que você deve se organizar melhor se não quiser perder tempo e dinheiro. Reservar seu quarto antes aqui é certamente o melhor a se fazer.

Décimo Dia: Trancoso x Arraial d’Ajuda

O dia amanheceu lindo! Vista do mirante a partir do Quadrado de Trancoso.
O dia amanheceu lindo! Vista do mirante a partir do Quadrado de Trancoso.

De Trancoso em diante, o movimento nas praias já é bem maior.

Acordamos e fomos dar uma volta na vila e conhecer o Quadrado de Trancoso durante o dia e admirar o maravilhoso mirante para o oceano que tem logo atrás da Igrejinha do Quadrado.

Aquela vista é realmente sensacional! Pena que não tínhamos mais tempo, e precisávamos seguir. Assim, deixamos Trancoso por volta das 11h da manhã sentido Arraial d’Ajuda.

Dica do Rod: se tiver tempo, não faça como nós! Tente separar um dia para não fazer nada em Trancoso, você não vai se arrepender!

Ah, espere por preços mais salgados aqui, mas, honestamente, às vezes vale a pena gastar um pouquinho mais.

Seguimos por sobre a pontezinha que passa sobre o mangue e caímos na praia principal.

Ponte por sobre o mangue no acesso à praia de Trancoso, Bahia.
Ponte por sobre o mangue no acesso à praia de Trancoso, Bahia.

O dia que amanheceu lindo e ensolarado, começou a ficar cinza bem naquele momento.

Cruzamos o rio Trancoso que já estava logo ali (estava bem baixo àquela hora) e seguimos caminhando sem parar alguns quilômetros até chegar num trecho onde ficou bem difícil passar pela força das ondas nas rochas.

Demoramos bastante ali, mas conseguimos. Então, seguimos por outro trecho longo de areia de praia e mais uma vez vimos a luz do dia acabar caminhando na praia.

No caminho entre Trancoso e Arraial d’Ajuda, as falésia voltam a aparecer e a maré cheia também.
No caminho entre Trancoso e Arraial d’Ajuda, as falésia voltam a aparecer e a maré cheia também.

Chegando no final do dia em Arraial d’Ajuda, deixamos a areia da praia e fomos pela estradinha até o centro da vila, o que acelerou o passo, visto que caminhar na areia cansa demais, principalmente no décimo dia seguido.

Dica do Rod: a vila de Arraial d’Ajuda está em um lugar alto em relação ao nível do mar, portanto aqui se prepare para algumas subidinhas nada agradáveis.

Em Arraial, conseguimos uma pousada num preço super bacana e acabamos ficando por lá. Aqui você pode encontrar ela e muitas outras!

Durante a noite, passeamos pela vila de Arraial d’Ajuda e matamos a fome com um super hambúrguer!

Era hora de dormir e acordar para o dia derradeiro da caminhada!

Décimo Primeiro Dia: Arraial d’Ajuda x Porto Seguro/BA x São Paulo/SP

Depois de 11 dias descobrimos que não estávamos sozinhos na caminhada, o Miguelzinho vinha aí!
Depois de 11 dias descobrimos que não estávamos sozinhos na caminhada, o Miguelzinho vinha aí!

Acordamos no décimo primeiro dia nas terras baianas e já fazia uns dois ou três dias que a Mari se queixava de vômitos.

Ela chegou a pensar que estava grávida, inclusive foi até a farmácia comprar um teste para tirar a dúvida. E não é que ela estava certa?!

Para nossa surpresa e desespero momentâneo, acabamos por descobrir a presença do nosso Miguelzinho em Arraial d’Ajuda, Bahia!

Daqui em diante, descobrimos que o Miguelzinho estaria para sempre presente! Obrigado, Arraial d’Ajuda!
Daqui em diante, descobrimos que o Miguelzinho estaria para sempre presente! Obrigado, Arraial d’Ajuda!

Dali em diante nossas vidas mudariam para sempre. E o papo da viagem, ah, claro, não poderia deixar de ser outro.

Depois do susto, arrumamos nossas coisas e seguimos a caminhada final, ainda sem entender muito, até Porto Seguro/BA.

Descemos do alto da vila de Arraial d’Ajuda e acessamos o litoral pela praia de Mucugê, esta totalmente diferente da maioria das praias que vimos pelo caminho, já que aqui o som alto dominava o ambiente e os guarda-sóis eram parte insistente do cenário.

Praia de Mucugê, Arraial d’Ajuda, Bahia.
Praia de Mucugê, Arraial d’Ajuda, Bahia.

Dica do Rod: se quer um lugar a baixo custo e com badalação, vá para Arraial d’Ajuda. É demais aquele lugar!

Se quer sossego também, pois dá muito bem para procurar um cantinho mais reservado para você na areia.

Mas antes disso, pausa para tirar uma foto no mirante de Arraial d’Ajuda cheio de fitinhas do Senhor do Bonfim e se despedir daquele último dia de viagem.

Mirante de Arraial d’Ajuda e as famosas fitinhas do Senhor do Bonfim.
Mirante de Arraial d’Ajuda e as famosas fitinhas do Senhor do Bonfim.

A caminhada de Arraial d’Ajuda até Porto Seguro/BA é bem tranquila e não leva mais que uma hora e meia.

Neste trecho a quantidade de pessoas já é muito maior, o que não tira nem um pouco da beleza daquele lugar!

A água quentinha do mar foi minha última impressão boa antes de chegar na balsa que liga Arraial d’Ajuda e Porto Seguro/BA.

Já na balsa, tomamos um sacolé delicioso e em 10 minutos chegamos em Porto Seguro/BA.

Calçadão de Porto Seguro, Bahia, ponto final do Trekking do Descobrimento.
Calçadão de Porto Seguro, Bahia, ponto final do Trekking do Descobrimento.

Dali, passamos na passarela do álcool vazia (o movimento é só à noite) que fica ao lado do desembarque da balsa e pegamos um Uber direto para a rodoviária, pois estávamos atrasados e nosso ônibus partiria em mais ou menos 1h.

Dica do Rod: tente estender mais uma noite em Porto Seguro, terra da folia, tenho certeza que você não vai se arrepender! Se precisar de opções de hospedagem, se liga nessas aqui!

Chegamos na rodoviária, comemos algo bem rápido e nos jogamos no busão que nos devolveria de volta a São Paulo 26 horas depois.

Quer a Rota Que Eu Fiz

Precisa do tracklog para fazer a travessia e não sabe onde conseguir? Toma aí que o Rod te dá!

*todo o Trekking do Descobrimento foi gravado em dois tracklogs diferentes em razão de um problema que tive na praia do Moreira. A 1ª Parte vai da rodoviária de Prado/BA até a praia do Moreira. A 2ª Parte vai do Moreira até o final em Porto Seguro/BA.

Powered by Wikiloc
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Pra Fechar

Espero que tenha curtido esta aventura e se empolgue a fazer uma igual! Tem tantos lugares lindos por aí para serem desbravados.

Lembre-se: planejamento para uma viagem longa destas é tudo!

Então, se precisar de qualquer coisa para tirar um sonho destes do papel, não perca tempo não, fale comigo aqui que será um prazer te ajudar!

Bora Crescer, Vem na Mochila!

Se Liga!

Quem gosta de viajar sabe, mesmo fazendo aquele planejamento esperto, os gastos com transporte, acomodação e hospedagem são de longe os que mais impactam uma trip.

Saber viajar barato não é  tão simples como simplesmente colocar uma mochila nas costas e sair andando por aí.

Planejamento e informação são fundamentais para que sua trip dure mais, saia mais barata e você curta mais lugares além daqueles já mais batidos.

Lá no meu Instagram (@roddemochila) e no meu canal do You Tube eu te dou várias dicas de como planejar sua trip de um jeito que você vai aproveitar muito mais!

Mas se seu intuito é fugir do planejamento e só aproveitar o destino escolhido, deixe que eu cumpro esta tarefa essencial para você!

Conheça o Roteiro de Viagem Personalizado Rod de Mochila e se jogue o quanto antes na estrada!

O Rod Recomenda!

Aliás, falando em planejamento e economia nas viagens, se você prefere viajar de maneira independente, recomendo muito a leitura deste e-book “Como Viajar Gastando Pouco”.

Bem direto ao ponto, vai te trazer dicas valiosas na preparação do seu rolé.

É o que sempre digo: informação nunca é demais e te salva uma boa grana!

Ainda, se quiser se aprofundar mais e descobrir grande parte dos segredos dos viajantes profissionais, se liga nisso aqui, você vai ficar de cara com a quantidade de informações que você vai receber e que te ajudarão a economizar muita prata em suas próximas viagens, além de provavelmente te render experiências que você nem imaginava que um dia teria!

Hora de mudar de vida!

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Se você não quer mais que tempo e dinheiro sejam os dois principais problemas para você não viajar o tanto que gostaria (e merece!), porque não tomar atitudes que de fato façam com que você finalmente alcance sua independência?

Só reclamar e continuar se sujeitando às imposições do mercado de trabalho tradicional não vão fazer você alcançar as liberdades de tempo, financeira e geográfica que você tanto precisa para de fato guiar sua própria vida sem intromissão de um chefe qualquer.

Neste sentido, criar um negócio online é sem sombra de dúvidas a ação definitiva que você deve tomar para mudar de vida e ter mais tempo, dinheiro e autonomia necessários para você realmente decidir a respeito da sua própria vida!

A princípio, criar um negócio online pode parecer complicado, e de fato é! Mas parceiro(a), eu estou falando de mudar de vida, de finalmente você passar a viver para você e não para os outros. Será que isso não vale a pena?

Se pensa que sim, faça como eu: cerque-se de informações de qualidade, estude bastante e aplique tudo que aprender, você vai ver que quando você menos esperar, seu negócio estará todo automatizado e trabalhando para você.

Já você… Você provavelmente estará fazendo o mesmo que eu: viajando e vivendo muito mais sua própria vida!

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Sobre o Autor

Rodolfo Brambilla
Rodolfo Brambilla

Apaixonado por viagens, encontrou no Marketing Digital uma forma de ganhar o mundo. Hoje, passa o que aprendeu para que você também possa ter mais tempo e dinheiro para fazer o que te faz bem!

6 Comentários

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  1. Embora o relato seja altamente detalhado, ainda fiquei com umas duvidas, se puder me ajudar?
    Não encontrei a data em que vocês fizeram a travessia, gostaria de saber para atualizar os gastos.
    Também não vi detalhado qual a quilometragem que vocês andaram cada dia, só o percurso total.
    Gostaria de começar a travessia a partir de cumuruxatiba, será que é fácil encontrar transporte a partir de Teixeira e Freitas para lá?
    Desde já, agradeço.

    • Paula, valeu pelo comentário!
      Então, fizemos a travessia em outubro de 2020. Pelo tracklog você consegue tirar as distâncias diárias que caminhamos, acredito que ele possa te ajudar. Sobre começar em Cumuru, perfeito, é bem possível e o caminho original é a partir dali mesmo, apesar que de Prado até lá tem coisas bem legais pra ver também. De Teixeira de Freitas, deve ser fácil conseguir transporte para Prado. Aí em Prado você consegue ônibus local para Cumuru. Atentar que este ônibus passa uma ou duas vezes ao dia, se perder, vai depender de taxi compartilhado, aquelas vans que só saem quando estão cheias, a não ser que você pague por toda van.

  2. Outra duvida. depois do rio Cahy, vocês deram a volta por alerta de um local, ele disse qual era o problema que não estava dando para passar?

    • Paula, o problema foi a cheia da maré mesmo. Depois do rio Cahy, pelo horário pegamos a maré cheia, então às aguas do mar já estavam batendo nas falésias, não tinha como seguir, aí resolvemos ir por cima, pq se fôssemos por baixo, poderíamos ficar ilhados, já que não teria como acessar a parte de cima da falésia depois. Acredito que seja isso..